12 julho, 2011

Ele O Astro





Por três dias consecutivos, o ator Rodrigo Lombardi não economizou energia correndo pelas ruas
íngremes e calçadas de paralelepípedos de Antonina, cidade histórica do litoral paranaense, fugindo de uma multidão armada com paus e pedras. Ossos do ofício. O esforço fez parte do pacote das cenas iniciais de seu novo personagem, Herculano Quintanilha, na minissérie O Astro, releitura da novela de Janete Clair, exibida em 1977. Protagonista da trama, que estreia este mês na Rede Globo na faixa das 22 horas, aparecerá bem diferente dos galãs românticos que o projetaram para a fama. “Herculano é o anti-herói, um cara normal que pode estar na porta ao lado”, diz o ator, encantado por viver o personagem interpretado no passado por Francisco Cuoco. Os dois contracenarão ao longo da minissérie, porque Herculano aprenderá com ele as artes ilusionistas. “Encaro isso como uma curtição e não como um peso”, afirma Rodrigo, que não quis assistir à história original para não se influenciar. Para o papel, porém, precisou aprender vários números de mágica. Hoje se diverte ao ouvir dezenas de vezes que daqui por diante vai economizar dinheiro por não precisar contratar mágico para as festinhas de aniversário do filho, Rafael, de 3 anos. De jeans justo e camiseta, contou estar totalmente à vontade com os turbantes que ostentará na telinha. Afinal, foi com Raj, de Caminho das Índias (2009), que esse paulistano de 34 anos foi alçado ao estrelato. Ele queria seguir a carreira de ator desde a adolescência, quando desistiu de ser jogador de vôlei e entrou para um grupo de teatro amador. Mas as finanças pediam que deixasse o sonho de lado, pelo menos por um tempo. “Tive um histórico familiar com muitos altos e baixos.” Filho de uma dona de casa, Rose, e de um representante comercial, Ari, aos 20 anos começou a ajudar o pai, na época adoentado (faleceu em 2003), a sustentar os irmãos. Rodrigo é o segundo de uma prole de cinco. Também já trabalhou como garçom e agente de viagens. Precisou dar muito nó em pingo-d’água antes de estrear, em 1998, em Meu Pé de Laranja Lima, na TV Bandeirantes. Depois vieram participações em Marisol (2002), no SBT, e Metamorphoses (2004), na Record. Estava preenchendo fichas em lojas na tentativa de arrumar um emprego fixo para pagar as contas quando um produtor da Rede Globo o viu em cartaz na peça Mandrágora e convidou-o para um teste de elenco de Bang Bang (2005). “Há dez anos, minha carreira se baseava em estudos e sonhos. Nos últimos cinco, em tentativas e erros. Hoje, já posso afirmar que é o começo de uma era de realizações. Assim como tive vitórias, vivi derrotas. Elas são importantes para lembrar que somos humanos e estamos sujeitos ao erro.” Sua maior conquista profissional? “É poder dizer que sou um homem independente.” A trajetória nos palcos, onde atuou em 12 peças, também é motivo de orgulho. “Fazer teatro é aprender sobre a vida.” A relação com as fãs é tranquila – o assédio não chega a ser um problema. “Nunca foram afoitas a ponto de puxar meu cabelo. Já aconteceu de, num shopping, na época do Raj, os seguranças terem de fazer corredor para eu passar. Na tentativa de me tocarem, tomei sapatada na cara e tapa. Normal. Dá medo no início, mas, como tudo, aprende-se a lidar.”

Nenhum comentário: